Em reunião da Comissão de Saúde, nesta terça-feira (1º), no plenário Judith Leão, Lourdilene Mozer, presidente da Associação de Pais e Amigos de Surdos e Outras Deficiências (Apasod), apresentou o trabalho realizado pela entidade e as dificuldades encontradas para a efetivação do implante coclear nas crianças com deficiência auditiva. Mozer destacou que saúde e educação caminham juntas, e é fundamental que a criança até os seis anos de idade tenha plenamente acesso à saúde e à reabilitação.
A presidente da Apasod disse que, quando a escola recebe uma criança com deficiência auditiva, contrata uma intérprete. O cuidado deve ser para que a criança não perca o interesse na adaptação do aparelho implantado em seu ouvido. A criança tende a se comunicar com seus colegas pela linguagem de sinais (libras) e acaba colocando o uso do aparelho em segundo plano. Segundo Lourdilene Mozer, a escola não está preparada para receber uma criança com deficiência auditiva.
Mozer sugeriu a criação de um grupo de trabalho na Assembleia composto por várias comissões permanentes para reivindicar junto à Secretaria de Estado da Saúde a contratação de profissionais capacitados para atender às crianças com deficiências.
Dados no ES
No Estado, segundo dados de 2012, há pelo menos oito mil crianças necessitando de implante coclear. No Espírito Santo há uma única unidade de saúde que realiza o implante coclear, o Vitória Apart Hospital, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim mesmo, segundo Mozer, o hospital deve atender somente até pagar a dívida existente com o Governo Federal.
Sobre a necessidade de investir mais em saúde, o presidente da Comissão de Saúde, Doutor Hércules (PMDB), citou o exemplo da Santa Casa de São Paulo. A unidade hospitalar fechou 2014 com deficit de R$ 280 milhões, tendo de fechar seu pronto-socorro. Isso acontece porque há uma defasagem em relação ao preço de mercado e ao valor pago pela tabela SUS nos procedimentos realizados nos hospitais privados e principalmente nos filantrópicos.
Dificuldades
José Olympio Rangel Barreto, pessoa com deficiência, lembrou a convenção internacional que o Brasil assinou em 2008, que garante o direito igual a todos de participar da sociedade. Ele, que é cadeirante, observou que a Assembleia está com sua acessibilidade prejudicada em função das obras realizadas na parte da frente da sede.
José Onofre de Souza, militante da área da surdez e especialista em libras, ressaltou que, diante dos problemas na área da deficiência, é preciso ajuda das comissões da Casa, como a da Saúde, Assistência Social, Educação, Cidadania e Direitos Humanos, e Justiça.
Souza criticou a dificuldade que uma criança com problemas auditivos encontra para receber assistência adequada. Ele lembrou que o teste do pezinho tem de ser mais ágil em seus resultados para poder haver intervenção para corrigir a tempo os problemas do bebê. O especialista em libras denunciou também os maus-tratos que os pais das crianças recebem, às vezes, dos poderes públicos na hora em que vão, por exemplo, tentar matricular seus filhos na escola.
Almir Vieira (PRP) pontuou a dificuldade por que passam as pessoas que têm algum tipo de deficiência que sofrem com a discriminação por parte das autoridades e a falta de investimentos para assisti-los.
A Comissão de Saúde e Saneamento é composta por Doutor Hércules, presidente; Almir Vieira (PRP), vice-presidente; além dos efetivos Erick Musso (PP) e Pastor Marcos Mansur (PSDB). São suplentes Eliana Dadalto (PTC), Dary Pagung (PRP), Hudson Leal (PRP), Amaro Neto (PPS) e Marcos Bruno (PRTB).
Aldo Aldesco/Web Ales
(Reprodução autorizada mediante citação da Web Ales)
Fonte:http://www.al.es.gov.br/novo_portal/