Para tentar resolver os problemas de pacientes com implantes cocleares (dispositivo eletrônico, parcialmente implantado, que visa proporcionar aos seus usuários sensação auditiva próxima ao fisiológico), a Comissão de Saúde colocou frente a frente, na manhã desta terça-feira (22), representantes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), dos hospitais conveniados que fazem os implantes, associações e mães de pacientes. A reunião, presidida pelo deputado Doutor Hércules (PMDB), ocorreu no Plenário Rui Barbosa.

De acordo com a chefe da unidade de telessaúde do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), Carmem Silva Carvalho Nielsen, já foi feita notificação à Sesa, solicitando o acompanhamento dos pacientes implantados no hospital. “O implante não é uma questão única, depois que é feita a cirurgia é necessário fazer o acompanhamento e a manutenção. O atendimento é longitudinal, ou seja, para vida toda”, afirmou.

Nielsen explicou que a perda é ainda maior nas crianças em fase de desenvolvimento, pois a falta de manutenção leva a um retrocesso em todo o processo de evolução do paciente e, com o aparelho desligado, o paciente acaba voltando à condição de deficiente auditivo.

Limite de cirurgias

Ela falou também da dificuldade desse acompanhamento, já que ele só pode ser feito na unidade onde o paciente foi operado e que em muitos casos as pessoas com deficiência auditiva são enviadas para outros Estados, por conta do limite de cirurgias autorizadas pelo contrato com a Sesa.

Um exemplo é o caso do menino Cláudio Henrique, que completou 9 anos nesta terça-feira. Residente do município de São José do Calçado, o paciente está há oito meses sem manutenção e sem ouvir, conforme explicou sua mãe, Ereni Tavares Riguetti. “Meu filho chora pedindo pelo aparelho. Ele já tinha se acostumado a ouvir e a interagir com seus colegas na escola e agora só se comunica um pouco fazendo leitura labial e um pouco pelo método de libras”, desabafou.

A presidente da Associação de Pais e Amigos dos Surdos e Outras Deficiências (Apasod), Antônia Lourdilene dos Santos Mozer também deu o seu testemunho. Antônia Mozer é mãe de uma criança implantada e explica que precisou abrir um processo contra o Estado depois de seu filho ficar três meses sem escutar.

 “Deveria existir uma política específica para implantado coclear para que a pessoa não precisasse entrar na justiça. Estou com uma lista do Vitória Apart Hospital, são 12 crianças que estão sem fazer o mapeamento”, afirmou.

Posição da Sesa

Representando o Estado, a superintendente da Região Metropolitana da Sesa, Fabrícia Forza falou sobre a parceria com o Hucam e o Vitória Apart Hospital. Ela se comprometeu a fazer um levantamento de caso por caso e de atender pessoalmente ao final da comissão as pessoas que acompanhavam a reunião para dar o encaminhamento correto para cada caso.

“O núcleo regional vai contribuir com as consultas que é a nossa competência, estamos fazendo o levantamento das demandas de todos os programas”, afirmou Fabrícia Forza.

O deputado Doutor Hércules lamentou o ocorrido e se comprometeu a reunir-se com todos os envolvidos para encontrar uma solução urgente para a situação. “Eu queria ver se fosse o filho de um deputado, de um senador, se essa criança ficaria tanto tempo desamparada”, disse o parlamentar.

O presidente do colegiado afirmou que, se for preciso, acionará o Ministério Público para fazer cumprir o contrato e solicitou que a cópia do documento fosse encaminhada à comissão.

Fonte: http://www.al.es.gov.br/novo_portal/

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