Graças ao filho, o gráfico Ailton Mattos, 50, é bilíngue. Quando percebeu que o primogênito Matheus Mattos não conseguia ouvir sons, ainda nos primeiros meses do menino, começou a aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). É por meio de gestos que pai e filho se comunicam. Matheus nasceu prematuro. O pai conta que, antes do primeiro ano do menino, percebeu que ele era surdo. “Tínhamos uma cachorrinha e eu achava que o latido dela podia incomodá-lo ainda bebê, mas ele não prestava atenção ao barulho. Foi quando pensei que ele podia não ouvir”, lembra.

A confirmação veio pouco tempo depois, mas a causa nunca foi diagnosticada. “A gente suspeita de rubéola congênita, mas não há comprovação disso”, afirma. A primeira reação foi susto. De acordo com psicólogos, pais de crianças com necessidades especiais costumam percorrer o que se chama de “cinco fases do luto”: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. “Depois que esse choque inicial passa a gente vai para a luta, para o enfrentamento”, diz Ailton.

Ainda aos oito meses, Matheus passou a frequentar o Centro Suvag de Pernambuco, no bairro da Torre. Lá, aprendeu a se comunicar no centro educacional bilíngue para surdos. “Ele teve grande facilidade de aprender. Já eu aprendi com mais dificuldade. Era difícil conciliar o trabalho com o curso e acabou que quem me ensinou a maior parte foi meu filho”, conta o gráfico. Agora é Matheus, hoje com 18 anos, que precisa da ajuda do pai. “Infelizmente, fora dos espaços totalmente voltados para os surdos ainda falta inclusão. Meu filho estava fazendo um curso de mídias digitais, mas como não havia tradução para Libras eu ia com ele. Por causa do trabalho não posso mais e meu filho teve que sair do curso. São fatos assim que nos desanimam, mas não nos fazem desistir. Ainda espero por uma cidade, um estado e um país com mais acessibilidade para o meu filho e os filhos de outras pessoas”, desabafa. 

O Brasil tem cerca de 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa cerca de 23,92% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Pernambuco, a Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (Sead) considera os dados do último Censo do IBGE, realizado em 2010. A pesquisa apontou que 2,4% da população tem algum tipo de deficiência. Levando em consideração que o estado tem 9,3 milhões de habitantes, seriam aproximadamente 223 mil pernambucanos com alguma restrição física, motora, intelectual ou sensorial.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/

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