O projeto é um dos nove finalistas do Prêmio RBS de Educação em Santa Catarina

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Na Escola Municipal Prefeito João Floriani, em Rio dos Cedros, no Médio Vale do Itajaí, a comunicação entre os colegas de sala era incompreensível para Luiz Valdemar Cardozo Júnior. Surdo desde que nasceu, passava de uma série para a outra sem saber o que significavam as frases rabiscadas no caderno. Foi na 5ª série do ensino fundamental que a história dele mudou.

Ao ver que o aluno não entendia o que estava escrevendo, o professor Bruno Araujo Soares decidiu buscar a melhoria na qualidade de vida de Luiz.

Durante um trabalho voluntário, o educador aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Como dominava a técnica, decidiu ensinar o estudante, que não conhecia a linguagem.

— Fiquei observando algum tempo o comportamento dele e percebi que o Luiz não conseguia interpretar o que aprendia. Além disso, ficava isolado na sala de aula, pois os colegas não sabiam como se comunicar — lembra.

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Durante dois anos o professor ensinou os sinais a Luiz e o acompanhou em todas as matérias lecionadas. Para a família do estudante, que também não conhecia a língua, o educador enviava tarefas. Os colegas de sala de aula também foram incluídos no contato com aquilo que significava uma nova forma de expressão para a escola.

A partir da 7ª série, Luiz passou a ter acesso aos livros com escrita em Libras, comprados pelo professor e a escola.

Todo o trabalho teve como resultado a melhora no desempenho do aluno — que hoje está na 8ª série — e maior interação entre ele e os colegas de classe.

— Para ele, a Chapeuzinho Vermelho era só uma boneca com vestido vermelho, já que nunca teve contato com a história. Agora, ele até consegue escrever nas redes sociais e entende os recados dos colegas. Fico muito feliz em ver o progresso que alcançou — explica Bruno.

Para o professor, a inclusão do aluno surdo na educação vai além de simplesmente interpretar as frases com sinais. Na opinião dele, o trabalho deve ser diferenciado, com tarefas e provas voltadas para a compreensão do assunto:

— Uma vez ouvi uma professora dizer que ela estava na sala como intérprete e se o aluno não entendia era problema dele. Não concordo com esta maneira de pensar. Acredito que podemos melhorar o ensinamento deles, indo além de fazer gestos com as mãos.

::Fazendo a diferença::

“Me inscrevi no prêmio RBS de Educação desejando tornar público o trabalho que já vinha desenvolvendo há um bom tempo. Lógico, eu esperava ser vencedor. Porém, quando recebi a notícia de que eu era um dos finalistas, fiquei muito feliz e emocionado. Era a realização de um sonho.

Embora eu acreditasse na força do trabalho realizado e tivesse o apoio de toda a escola, sempre surgia uma incerteza, uma dúvida: será que o trabalho realmente é expressivo, será que outras pessoas irão gostar? Hoje percebo que sim. Estou imensamente feliz, por mim e pelo meu aluno surdo, que é a razão da existência deste projeto. Tenho certeza que consegui fazer diferença na vida dele e dos colegas.

Espero também servir de exemplo para outras pessoas acreditarem na qualidade do que desenvolvem e se dedicarem cada vez mais, pois certamente serão recompensadas. Talvez não em concursos, mas através da realização profissional.”

::Modo de fazer::

– Ensinar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tanto para o aluno surdo quanto para os demais colegas de sala. Com isso, a interação entre eles será melhor

– Trabalhar com livros que tenham a linguagem de sinais. Embora o professor possa interpretar as histórias, é melhor que o aluno tenha contato direto com o texto

– Produzir atividades e provas específicas para o aluno

– Incentivar a participação da família na aprendizagem do estudante. Caso eles não saibam a linguagem, ajude-os a aprender também, para uma melhor comunicação

– Vá além da interpretação. Encontre técnicas e maneiras de incentivar o aluno a querer estudar

Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/11/professor-estimula-aprendizado-de-aluno-surdo-e-promove-integracao-dele-com-os-colegas-em-escola-de-rio-dos-cedros-4333673.html

 

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