por: Ana Carolina Becker 
Data: 07/08/2016 | 09:00

Noticia_20160808-1A_ImagemNo lugar do som da voz, o amoroso gesto das mãos falam sobre a rotina do dia a dia, expressam carinho e lidam com problemas. Na ausência da audição e da fala, elas que comunicam, interagem, expressam. Esse é o universo vivido por pessoas surdas e mudas. Em Venâncio Aires, a deficiência do pai e da mãe da jovem Natassya, a levou a aprender Libras e agora, tem neste aprendizado, a oportunidade de ensinar ao próximo.

Uma das únicas formas de se expressar com pessoas surdas e mudas é através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Na vida de Natassya Luiza Haas, 26 anos, a Libras esteve sempre presente, essa era a única forma dela comunicar-se com os pais, Clovis e Leocadia Haas, que são surdos. “Eu nasci e cresci em ambiente rodeado de pessoas surdas”, conta. Além dela, que é a filha mais velha do casal, as duas irmãs Larissa e Luana, que não possuem a deficiência, também aprenderam Libras para se comunicar com os pais desde pequenas.

O contato com pessoas surdas e mudas começou cedo, além dos pais, os primos também são surdos, mas o amor e carinho por essas pessoas nunca foi diferente.”A língua de Sinais esteve sempre presente na minha vida diária”, conta. Antes mesmo de falar aos três anos, Natassya já sabia Libras.

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Os pais foram os grandes incentivadores da jovem que cursou Pedagogia, realizou Pós-Graduação em Educação Especial Inclusiva e um curso de extensão sobre Tradutor Intérprete de Língua Brasileira de Sinais.

Professora de uma escola de educação infantil da rede privada, ela conta que sempre demonstrou interesse em atuar na área de intérprete de Libras. “Já realizava alguns trabalhos não oficiais com os surdos do município. No ano de 2014 surgiu uma oportunidade de aperfeiçoar o meu conhecimento e realizei um curso de extensão”, recorda. De acordo com ela, a partir do momento que a Língua Brasileira de Sinais foi oficializada, foi necessário a formação da profissão de intérprete para auxiliar no processo de comunicação e interação entre a comunidade surda e pessoas ouvintes.

Questionada sobre a ausência da tradução, ela afirma que sente necessidade que esse trabalho fosse realizado em encontros culturais, palestras, missas. “Principalmente em locais que os surdos também frequentam”, destaca.

Segundo relato dos meus pais, a minha primeira língua que aprendi foi a de Libras, sinalizava para eles”

Tradução na Feira do Livro

Natassya foi convidada para fazer a tradução em Libras da peça teatral “A Família Sujo” durante a 17ª Feira do Livro de Venâncio Aires, que ocorre de 1º a 4 de setembro. “Fiquei muito feliz com o convite e com a proposta da Feira em trazer algo diferente para as crianças terem o acesso a Libras”, comenta.

Após receber o convite, a intérprete conta que procura conhecer a história do teatro, características dos personagens, o tempo que se passa e o cenário. “Para que no dia possa transmitir a mesma emoção aqueles que não escutam”, reforça.

A tradução em Libras ocorre de forma simultânea a apresentçaão. “Cada palavra tem seu sinal, a diferença é a sua modalidade de articulação”, explica. Os sinais surgem da combinação da configuração de mão, movimentos e de pontos de articulação. “Isto ocorre no espaço e no corpo e também tem as expressões faciais e corporais que servem para transmitir a mesma entonação de voz dos ouvintes para os surdos que estão olhando.”

Noticia_20160808-1B_ImagemLibras desde a infância: a oportunidade de ensinar a nova geração

Na escola de educação infantil, local onde trabalha à tarde, possui espaço para oferecer oficina de Libras as crianças a partir de três anos. “São momentos de aprendizagens e trocas durante jogos, brincadeiras e práticas que oportunizam as crianças o primeiro contato com a Libras de forma lúdica e prazerosa”, conta Natassya. A aceitação das crianças diante deste novo aprendizado é boa, conforme ela.

Para a jovem, o ensino de Libras seria necessário nas escolas, principalmente, para oferecer uma educação inclusiva. ” É de extrema importância para que as crianças ouvintes desde cedo tenham contato com a Língua de Sinais e aumentam suas relações com criança surda”, explica.

Segundo a professora, as crianças possuem facilidade de aprender e dessa forma forma-se possíveis profissionais que vão atender a demanda “e será mais fácil de encontrar pessoas que conhecem a Libras e sinta-se mais a vontade para se comunicar com a pessoa surda”, reforça.

Conforme a coordenadora geral da Educare, Stefana Weiss, as aulas são oferecidas cerca de 30 alunos das turmas de Nível 3, Jardim e Turno Oposto. “Nossa intenção era diversificar as aulas e tratar sobre a importância das diferenças, para que eles entendessem que nem todos se comunicam como eles”, afirma.

Noticia_20160808-1C_ImagemFONTE: http://www.folhadomate.com/noticias/local/libras-no-lugar-da-voz-as-maos-que-falam

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