Além de ajudar no aprendizado, o jogo também aproxima as crianças da tecnologia

Wyz, lançado em março deste ano, é um jogo desenvolvido para auxiliar a aprendizagem da língua portuguesa por crianças surdas. A ideia do projeto surgiu quando Patrícia Leite estava na graduação de Sistemas de Informação, mas só ganhou forma em 2014, quando a estudante começou a participar do BEPiD (Brazil Educational Program for iOS Development).

O programa é uma parceria entre a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a Apple, que visa formar profissionais habilitados a programar para iOS e a publicar na AppStore. Com essa base, Patrícia se juntou com amigos da produtora da qual faz parte, a Los Cuatro Pixs, e colocou o projeto do Wyz em prática. Os profissionais que a equipe não conseguiu encontrar, como a tradutora de libras, foram contratados pela PUCPR.

Noticia_20150707-1A_ImagemUma das características mais especiais do jogo é ele ser gratuito. “Vale mais a pena distribuir o jogo gratuitamente e buscar apoio para levar para frente”, afirma a designer do Wyz, Nicole Ribeiro. “Até porque nosso público não é tão grande para bancar a produção do jogo e também às vezes não pode comprar”, complementa o ilustrador do Wyz, Eduardo Stumpf. A programadora do jogo, Patrícia Leite, afirma que o objetivo do projeto sempre foi esse.

O principal problema enfrentado pela equipe durante os seis meses da elaboração foi como equilibrar o conteúdo pedagógico com o jogo. A solução foi encontrada graças ao trabalho em conjunto da equipe do jogo com a professora doutora em Letras, Sueli Fernandes, que trabalha com a educação de surdos há mais de vinte e cinco anos. “Tudo o que tem imagem, foto, desenho e ilustração auxilia a criança a interpretar a letra. Nesse sentido, os jogos são muito legais porque são visuais e apresentam uma narrativa para a criança”, explica Sueli.

Ensino de português para surdos

Noticia_20150707-1B_ImagemDe acordo com a professora Sueli Fernandes, o correto é que as crianças surdas aprendam primeiro a linguagem de sinais (libras) e que o português seja sua segunda língua. “Não adianta só colocar um interprete de libras em todas as salas, é preciso pensar no ensino do português como o ensino de uma língua estrangeira para eles”, afirma.

Mas nem sempre isso acontece, como explica a professora. “Os surdos normalmente são filhos de pais ouvintes e o primeiro contato é com os pais, que normalmente não sabem libras, assim o aprendizado demora um tempo”, comenta.Portanto, as crianças vão para a escola para aprender as duas línguas juntas, mas aprendem mais rápido a língua de sinais porque é mais visual. “O surdo entra na língua pela escrita, ao contrário dos ouvintes que entram pela via fonológica e aprendem a falar antes de escrever, por isso apresentam maior dificuldade para aprender o português”, explica Sueli.

Segundo a professora, o mais importante de todo o aprendizado das crianças surdas é o apelo visual: as imagens e os desenhos combinados com as palavras situam a criança no universo. Sem o jogo, o ensino da língua portuguesa precisa mesclar as libras, a escrita do alfabeto e das palavras, além das imagens que situam a criança visualmente. “Os jogos e as tecnologias vêm como facilitadores, principalmente por esse aspecto visual”, afirma.

O jogo

O personagem da história, o Wyz, é um viajante espacial que deseja voltar para casa, mas, para isso, precisa encontrar sua nave. Para passar de fase, o jogador precisa pegar as letras na ordem correta e formar as palavras, para assim superar os obstáculos. No primeiro cenário, o jogo é uma espécie de snake onde Wyz precisa pegar as letras que estão em flores. Em sequência, o personagem precisa acender todas as tochas em que as letras estão espalhadas. Na fase final, Wyz precisa acertar uma bola nas caixas em que estão cada letra certa.

Para fazer o download do jogo, acesse o link. Atualmente, o jogo só está disponível para iPad. ‘’Estamos trabalhando em uma versão para Android, mas ainda vai demorar um tempo para programar tudo’’, comenta Patrícia Leite.

 

Fonte: http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/

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