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Para o auditório repleto de intérpretes, estudantes e pesquisadores da Língua Brasileira de Sinais
(Libras), na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FEFF), a tarde desta quarta-feira (28) foi a oportunidade de conhecer as propostas de trabalho dos mestres Denise Coutinho, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marisa Dias Lima, da Universidade de Brasília (UNB), e Victor Hugo Costa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSC).

Eles foram convidados para a banca que irá selecionar sete docentes para Curso de Letras-Libras da UFAM. “Convidei os professores para aproveitarmos essa oportunidade de fazer um intercâmbio de conhecimento entre as pesquisas deles e nós que estamos iniciando esse trabalho aqui na UFAM. Em 2015, ingressará a segunda turma do curso”, comenta o chefe do Departamento de Letras-Libras (DLL), professor Iranvith Cavalcante.

Para Iranvith, que também coordena os Ciclos, a atividade de extensão proporciona a partilha a graduandos e parceiros, como a Escola Augusto Carneiro dos Santos. “Essa instituição para surdos já recebeu trabalhos dos acadêmicos da UFAM, que lá produziram um jornal bilíngue”, conta ele. Há dois projetos de iniciação científica em andamento nessa área. Um deles, sobre o espaço de enunciação do intérprete de Libras, da acadêmica Susy Gonçalves, recebeu menção honrosa no último Congresso de Iniciação Científica (Conic). O projeto revela que a localização dos sinais está numa esfera ao alcance dos braços do intérprete, o que a torna mais ampla que o tradicional conceito de quadro em plano americano bidimensional.

Pioneirismo

Noticia_20150129B_ImagemBem antes de questões técnicas e conceituais sobre o trabalho dos intérpretes da Língua de Sinais, a pedagoga e mestre em Linguística Denise Coutinho, que iniciou na área aos 17 anos, conta como foi essa categoria se organizou desde os anos 1970, em especial no Nordeste. A obra “Interpretação em Língua de Sinais: de onde vim e para onde fui” é histórica, enquanto o livro “Interpretação em Língua de Sinais: convivências, estratégias escutas” volta-se para a experiência e os processos de interpretação.

Denise Coutinho foi a primeira a receber o Cadastro de Intérpretes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), em 1997, mas já atuava como intérprete há quase duas décadas. Ela foi pioneira por ter iniciado o trabalho de interpretação em eventos abertos ao público. “Em 1981, atuei pela primeira vez num evento grande como intérprete da Língua de Sinais”, disse. Trata-se do I Congresso Brasileiro de Pessoas com Deficiência, organizado em Recife (PE), e fruto de uma articulação da Organização das Nações Unidas para que aquele fosse o Ano Internacional da Pessoa Deficiente.

Sintaxe e Iconicidade
Noticia_20150129C_ImagemCom proposta voltada ao campo da investigação científica, a mestre e doutoranda Marisa Dias Lima mostrou os passos de uma pesquisa que relaciona o aprendizado da sintaxe do Português Escrito como segunda língua a partir de um conhecimento da Língua de Sinais pelo aluno surdo. “Se ele aprendeu Libras no período crítico da aquisição, entre 3 e 5 anos, terá maior facilidade com a sintaxe Sujeito-Verbo-Objeto do Português Escrito na fase de escolarização”, revelou a professora

Noticia_20150129D_ImagemAo longo da pesquisa, ela considerou as diferenças entre as construções sintáticas de Libras, de mais fácil aquisição para os surdos, e as do Português Escrito; a fase de aprendizado de Libras, e até o incentivo da família para o uso de Libras. “A Gramática Universal soma-se às experiências pessoais, formando uma Língua Particular. Se o aprendizado tem o input correto, por acesso direto e num processo natural, o aluno surdo diferencia melhor as sintaxes e aprende com mais facilidade”, explicou Marisa, que é surda e tem pais surdos.

O pesquisador Victor Hugo Costa debruçou-se sobre o tema iconicidade, que está presente na Língua de Sinais. Ao resumir a teoria do linguista Ferdinand Suassure, o pesquisador contrapôs-se ao pensamento de que toda língua superior é arbitrária por se tratar de uma convenção. “Libras é uma língua muito mais icônica, e isso vai no sentido oposto a essa teoria”, explicou. O professor reforçou ainda o papel da gesticulação na composição da língua, inclusive no que se refere aos não surdos/ouvintes.

Fonte: http://portal.ufam.edu.br/index.php/2013-04-29-19-37-05/noticia/3559-libras-historia-dos-interpretes-sintaxe-e-iconicidade-em-debate-no-ii-ciclo-de-palestras

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