Mais de 200 pessoas participaram da palestra de encerramento do Programa de Atendimento Educacional Especializado, coordenado pelo Grupo de Educação Inclusiva da Região Amazônica (GEIRA). A programação contou com a participação da professora Ana Regina Campello, doutora em Educação e mestre em Linguística.
As palestras ministradas pela especialista em Educação Especial para Surdos ocorreram nos períodos da manhã e da tarde, no Auditório Maria de Nazaré Espinheiro Sá, no Campus da UFPA/Castanhal. Além dos alunos dos cursos de licenciatura do campus, participaram professores das redes de ensino de Castanhal e de municípios próximos atendidos pelo GEIRA.
Objetivos – O programa coordenado pela professora mestre Raphaela Albuquerque tem como objetivo contribuir para concretizar a Educação Inclusiva na Região Amazônica, principalmente nas cidades de Castanhal e Marabá, por meio de pesquisas, oficinas e cursos. O projeto conta com um Laboratório de Acessibilidade, no Campus de Castanhal, e suas atividades têm como público-alvo docentes, técnicos-administrativos, discentes e seus familiares, em todos os níveis e todas as modalidades de ensino.
Entre as atividades desenvolvidas pelo GEIRA no ano de 2014, estiveram “Aperfeiçoamento para o ensino do aluno com deficiência visual”, oficinas ministradas nos municípios de Ipixuna, Inhangapi, Mãe do Rio, São Miguel, São Francisco, São Domingos e no próprio Campus de Castanhal; também foi realizado o primeiro “Congresso de Paraense de Educação Especial”, no mês de setembro, com mais de 400 professores e estudantes, e as palestras para o “Aperfeiçoamento para o Ensino de Alunos com Surdez”, que encerraram a programação do ano.
Convidada Especial – De acordo com a professora responsável pelo GEIRA, “a presença da professora Ana Regina Campello, neste momento de conclusão dos trabalhos, é muito importante, porque, além de ela ser referência nacional, ela também é surda, então, ninguém melhor para falar sobre surdez, sobre a situação em que ele vive e sobre as condições oferecidas pela sociedade do que o próprio surdo. Ela veio para reforçar o que nós discutimos durante as ações do projeto, como a importância de ter formação para o professor e para o intérprete para poder incluir esse aluno na educação básica até a educação superior”, afirmou a docente.
Durante as palestras, os participantes estiveram atentos e aproveitaram para tirar muitas dúvidas a respeito da Educação Especial para Surdos. Durante todo o tempo, a professora Ana Regina contou com a ajuda do interprete Hector Calixto.
Com o auxilio do profissional, a especialista avaliou o trabalho do GEIRA na Região Amazônica afirmando que o projeto tem um papel especial e precisa continuar para ajudar na formação dos professores, dos técnicos e de todas as pessoas que tenham interesse nessa acessibilidade. Ela também apontou algumas das dificuldades que esse público enfrenta para desenvolver o trabalho, uma delas é o próprio tamanho do Estado do Pará, que torna a divulgação das ações muito complicada. As palestras ministradas durante a quinta-feira tiveram, como foco, a modalidade visual de ensino.
Desafios – Segundo a professora Ana Regina, o Estado do Pará ainda precisa
percorrer um longo caminho na questão da acessibilidade. “Acredito na formação continuada e isso vai depender muito da vontade política do governo daqui e também do governo no âmbito federal, se eles têm ou não ações voltadas para a melhoria da formação no Estado do Pará. Não sou apenas eu, mas há vários profissionais nas Regiões Sul e Sudeste que têm interesse de vir ao Pará e dividir esse conhecimento. A comunidade surda daqui tem enfrentado muitas barreiras, mas é por pura falta de conhecimento e falta de consciência da própria população. A sociedade do Pará, até hoje, não enxerga o surdo, não enxerga a Língua de Sinais, por isso, criam barreiras na acessibilidade para essa parcela da comunidade. É necessário criar um centro de acessibilidade no Pará.”, concluiu a professora.
Texto e foto: Valéria Oliveira (ASCOM UFPA/Castanhal)