Grupo de trabalho já discute formas de adaptação da instituição federal de ensino

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A surdez não impediu que Daniel Carvalho concluísse dois cursos superiores

Para facilitar o acesso dos surdos à graduação, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) criou um grupo de trabalho que discutirá ações na adaptação da instituição para receber esses estudantes.
Em parceria com o Movimento dos Surdos Capixabas, será feito um levantamento sobre a situação no Espírito Santo e serão estudadas maneiras de melhorar o cotidiano dessas pessoas.

Atualmente, a universidade conta com maior número de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). São sete, que ajudam nas dificuldades que os estudantes surdos possam ter em qualquer curso de graduação e também na pós-graduação.

Eles podem ser acionados por meio de cadastramento no Núcleo de Acessibilidade, que identifica os problemas encontrados por essas pessoas.

Limitações

Os surdos passam por dificuldades no dia a dia que não são percebidas por aqueles que são ouvintes, mas que precisam ser pensadas. “Até mesmo coisas aparentemente simples, como o apagar das luzes em uma aula para ver slides atrapalham a leitura labial”, explica a vice-reitora da Ufes, Ethel Maciel, que esteve em reunião com o Movimento dos Surdos Capixaba para a criação do grupo.

Ela conta que todo o cotidiano de sala de aula tem que ser repensado. Até mesmo a prova de vestibular para surdos pode ser revista, já que com a alfabetização em Libras a interpretação deles acontece de maneira diferente. “Temos que começar um entendimento mais profundo da necessidade dessas pessoas para incluí-las cada vez mais. Precisamos compreender que a leitura de mundo deles é outra”, diz a vice-reitora.

No grupo estão professores da Ufes, intérpretes e alunos que já estão se graduando ou já se formaram e podem passar as impressões de suas dificuldades para nortear as ações.

Cursos

Além do vestibular, que já acontece este ano para o novo curso de bacharelado de Letras-Libras, destinado a ouvintes, a universidade está preparando uma graduação de licenciatura para ensino de Libras, em que os surdos poderão se capacitar para ensinar a língua de sinais. Assim, eles serão habilitados como professores.

O processo seletivo para esse outro curso será realizado já no VestUfes 2015. Antes disso, a instituição tinha oferecido apenas uma graduação de Licenciatura em Libras, em parceria, já finalizada, com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
“Para implantar esses cursos contratamos professores mestres e doutores no ensino de língua dos sinais”, explica a vice-reitora.

Ele se prepara para ser mestre em Educação

Formado em Pedagogia e em licenciatura de Letras-Libras, Daniel Junqueira Carvalho, 28 anos, é surdo e também um dos representantes do Movimento dos Surdos Capixaba. Ele está iniciando seu mestrado em Educação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Com a criação do grupo na Ufes ele espera que a análise de vários casos ajude integrar pessoas ao ensino superior. Mas ele lembra: os desafios são grandes.
Ele conta que o movimento foi criado no ano passado para lutar pelo direito dos surdos e melhorar a acessibilidade em diversas áreas, como educação, segurança, emprego e saúde.
“Queremos mostrar que somos visíveis e existentes, porque sempre fomos invisíveis na sociedade, excluídos”, diz ele.

Embora avanços já tenham acontecido, com a lei que oficializou a Língua Brasileira de Sinais e um decreto de 2005 que garante os direitos dos surdos na educação e na acessibilidade, ainda há muito o que melhorar. É necessário um olhar diferenciado para entender as dificuldades dos surdos.

“As pessoas que são ouvintes estão acostumadas com a cultura delas, e é preciso entender que é diferente da cultura dos surdos”, diz Daniel, explicando a necessidade de comunicação visual de pessoas que não escutam.

Fonte: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2014/01/noticias/cidades/1476796-ufes-quer-facilitar-acesso-de-aluno-surdo.html

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