Por: Titina Cardoso 
A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa deu continuidade, nesta terça-feira (17), ao debate sobre a situação de 12 implantados cocleares que estão sem atendimento no Estado. De acordo com as representantes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que participaram do encontro, os pacientes passarão a ser atendidos pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam).

Esses pacientes realizaram seus implantes no hospital particular Vitória Apart, localizado no município de Serra, e receberam a manutenção dos aparelhos durante o período de um ano – de acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o governo estadual e a unidade hospitalar, que tinha uma dívida com o Estado. Porém, após o período firmado, os implantados ficaram sem a manutenção.

Dos 12 casos, cinco já estão recebendo o acompanhamento do Hucam, segundo Mariângela Braga Nilsen, referência técnica da rede de pessoas com deficiência da Sesa. Ela também informou que os pacientes chamados de TFD – aqueles que recebem tratamento fora do domicílio, no caso, fora do Estado – deverão, em breve, passar a fazer a manutenção dos implantes cocleares também no Hucam.

O que acontece, segundo Mariângela Nilsen, é que cada tipo de aparelho implantado necessita de um software específico e o Hucam ainda não tem todos esses programas para atender todos os implantados cocleares do Estado. De acordo com as informações da secretaria, são 84 capixabas que fizeram suas cirurgias fora do Estado e que permanecem viajando para realizar a manutenção, a maioria no Estado de São Paulo.

É o caso de Fellipe Figueiredo, de 14 anos, que sempre vai a Campinas para dar continuidade ao tratamento. De acordo com a mãe do paciente, Neusa Figueiredo, são quase 20 horas de ônibus para que o menino chegue à Unicamp para ser atendido. “Por que todo esse desgaste?”, questionou a mãe.

Neusa Figueiredo reclamou ainda que um dos aparelhos do filho não está funcionando há quase um ano e, por isso, ele está ouvindo apenas de um lado. “Se o aparelho não estiver funcionando, ele não tem audição, e isso é uma crueldade”, comentou. Ela já acionou a Justiça para resolver o caso do filho.

Outra mãe também apresentou a situação da filha. A menina Débora Santos da Silva, de 10 anos, também está há um ano sem o aparelho, que quebrou. “A Débora está há um ano sem ouvir. Em novembro, o juiz deu a liminar. Daí pra cá, ninguém deu uma posição pra gente. Até agora o aparelho não foi comprado e a Débora está ficando defasada. Tudo o que ela aprendeu ela está desaprendendo”, relatou Graciene Moura da Silva.

Posição da secretaria

A representante da Sesa, Mariângela Nilsen, informou que a menina precisa, sim, da troca do aparelho, mas que o processo ainda não chegou à secretaria. O defensor público Hugo Fernandes Matias sugeriu que a mãe acione a Defensoria Pública.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, José Carlos de Siqueira Júnior, questionou sobre os outros cidadãos que ainda necessitam da cirurgia de implante coclear. “A questão desses 12 implantados, em parte, já está solucionada. Mas e com relação aos que ainda não chegaram a ser implantados? A Sesa tem alguma programação para fazer o atendimento?”, perguntou.

A subsecretária de Estado da Saúde, Joanna de Jaegher, informou que o Estado tem toda a estrutura necessária para “dar assistência adequada ao número de pessoas que são previstas anualmente”. Segundo Jaegher, a inadequação é relacionada ao fluxo de atendimento, inclusive de pacientes que não comparecem às consultas. Mas, de acordo com a subsecretária, o tema será tratado na câmara técnica de saúde auditiva, criada recentemente dentro da estrutura da Sesa.

A gestora ainda reforçou que os 12 implantados do Apart Hospital e os 84 pacientes TFD terão seus atendimentos concentrados no hospital universitário. “O serviço do Hucam vai ter os equipamentos de todas as empresas que fazem essa manutenção. Não vai mais haver essa peregrinação”, informou. Porém, é necessário aguardar a conclusão dos processos de licitação.

Posição 

Para a presidente da Associação de Pais e Amigos dos Surdos e Outras Deficiências (Apasod), Lourdilene Mozer, as notícias são animadoras. Já o representante da Sociedade Editorial de Pesquisa em Educação em Libras, José Onofre de Souza, comemorou a inclusão da Apasod na câmara técnica de saúde auditiva. “Esse convite da secretaria foi fundamental”, comentou.

O presidente da Comissão de Saúde também acredita que a situação das pessoas com deficiência auditiva está evoluindo no Estado. “Estamos chegando a uma convergência muito boa”, comemorou Dr. Hércules (MDB). O colegiado deve realizar novo encontro sobre o tema em data ainda a ser estabelecida.

Jornal Panorama

Fonte:AL.ES17

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