Noticia_20150612-1_ImagemAos 10 anos de idade, a pequena Yasmin experimenta a doçura de uma descoberta. Surda, mas sagaz, ela quebrou a barreira que a separava de um universo novo e até então intransponível: a música. O desafio de ouvir pelo coração é a nova lição de quatro alunos surdos de Balneário Piçarras, que há cinco semanas participam das aulas de percussão ministradas pelo professor Sérgio Espezin.

As partituras no quadro negro dão a referência visual. O palanque de madeira cumpre uma função genuína: transfere as vibrações da batida nos surdos para os pés. “Imersos nessas vibrações, os alunos conseguem desenvolver o aprendizado por meio do processo cognitivo”, explica o professor, que é violinista, cantor e bacharel em Canto pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Balneário Piçarras é o primeiro município do Brasil a desenvolver aulas de percussão para deficientes auditivos. Sérgio Espezin lembra que também há poucos estudos científicos relacionados ao tema no país. “Há meia dúzia de teses de mestrado, apenas. Isso prova que estamos muito bem situados na discussão científica do fazer musical do surdo”, avalia.

A inclusão social da pessoa com deficiência auditiva é uma das consequências inegáveis do ensino de percussão. “Percebemos que o aluno surdo ficava excluído das aulas de música nas escolas. Todos acreditam que a música não pertence ao universo do surdo, e queremos provar que isso não é verdade”, acrescenta Espezin.

Além de contribuir para a inserção social e formação profissional da pessoa com deficiência auditiva, as aulas de percussão desenvolvem outras capacidades até então pouco discutidas. Estão entre os ganhos o desenvolvimento das funções cognitivas e a coordenação motora fina. “Temos, inclusive, uma aluna com problema de coordenação motora que já está evoluindo e melhorando nesse aspecto”, observa.

A intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e coordenadora de Políticas Educacionais e Inclusivas da Secretaria de Educação, Juliane Bonin, admite que os avanços já são perceptíveis. “Eles já estão fazendo leitura de partituras básicas. É impressionante a rapidez com que aprendem e desenvolvem esse conhecimento adquirido ”, relata Juliane.

As aulas de percussão ocorrem sempre às terças-feiras, das 13h30 às 15h30, nas dependências do ginásio Aurélio Solano de Macedo. Para participar, basta entrar em contato com a Secretaria de Educação. O aluno deve ter, no mínimo, seis anos de idade.

Fonte: http://www.praiadepicarras.com

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