Noticia_20140918_ImagemAlgumas frases em francês e depois em alemão. Risadas na plateia: “são risadas de nervoso porque poucos entenderam o que eu disse e depois de 30 segundos isso já começa a ficar desconfortável para aquele que não está entendendo”, afirma Marco Antônio Arriens, o intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) que ministrou palestra na quarta-feira (10), na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Cerro Largo.

Com isso, ele criou na plateia a mesma sensação dos surdos quando estão entre os ouvintes que não conversam usando a Libras, “como é horrível uma pessoa falar uma língua e a gente não entender, é uma violência simbólica porque o surdo sai de um universo totalmente silencioso e entra em um universo totalmente barulhento”, explica.

Com o tema “Ações Pedagógicas na Educação Inclusiva”, Arriens conduziu a palestra explicando que é necessário que tanto as instituições como o aluno surdo devem se preparar. “É necessário fazer um processo pré (nas instituições onde os surdos serão recebidos), trabalhando aqueles que vão chegar e aqueles que vão receber. O surdo já vem com trauma porque o ouvinte não conhece a Libras, e a comunicação já vem truncada desde sua casa. O conflito linguístico é um dos piores que uma pessoa pode passar dentro de uma instituição”, argumenta Arriens.

Para Arriens, a Libras é bastante completa para ser usada na educação dos

surdos. “A Libras tem tudo, tem política, tem filosofia, tem linguística, pensamento, poesia, tudo. Não é apenas a imitação de gestos da realidade”, salienta.

A palestra foi organizada pelo Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP) e o Setor de Acessibilidade do Campus Cerro Largo. O evento está vinculado ao Programa Incluir, que tem como objetivo fomentar e consolidar a Política de Acessibilidade dentro da UFFS, por meio da capacitação de servidores e da sensibilização da comunidade acadêmica e externa quanto à importância da inclusão de pessoas com deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades/Superdotado. O Programa Incluir é instituído pelo Ministério da Educação (MEC).

O evento atraiu professores e estudantes de São Nicolau, Panambi, Pirapó, São Paulo das Missões, Salvador das Missões, São Pedro do Butiá, Santa Rosa, Cândido Godói, Guarani das Missões, Campina das Missões, entre outros municípios. A palestra foi traduzida pela intérprete do Instituto Farroupilha de Santo Ângelo, Tatiane Campos.

O palestrante

Marco Antônio Arriens é intérprete de LIBRAS com mais de 30 anos de atuação no Brasil e em todo o mundo. Ele também tem conhecimento da Língua de Sinais Americana (American Sign Language – ASL), da Venezuela, do Chile e da Argentina. Ele já formou mais de 13.800 mil alunos intérpretes no Brasil e exterior, é professor de pós-graduação em diferentes disciplinas da gramática da Libras e também ministra aulas por EAD pelo IBEPEX/Grupo Uninter e Grupo CENSUPEG de Santa Catarina. Arriens é o criador dos Jogos Didáticos para Surdos pela empresa Xalingo.

Fonte:http://www.ijui.com/noticias/67270-libras-nao-e-apenas-a-imitacao-de-gestos-da-realidade-diz-palestrante.html

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *