- Em homenagem às mães brasileiras, marca de
sapatos convida mãe de filha com a síndrome para fotografar catálogo de moda que circulará em maio
- Objetivo é valorizar a beleza real e a
história de superação na maternidade e,
assim, reforçar a autoestima e quebrar mitos
Especial para Diário da manhã
Ela tem quatro anos. O cabelo liso ressaltam seus olhos grandes e espertos, de gente curiosa, e chama atenção por onde passa. Júlia Aratake, ou “Pituca”, como é chamada carinhosamente pelos pais, é portadora de síndrome de Down. O diagnóstico veio cedo, no quarto mês de gravidez. A notícia, que foi um susto no primeiro momento para sua mãe, Alessandra Aratake, tornou-se apenas um detalhe na medida em que o amor incondicional tomou conta da relação entre as duas.
Esta história estará estampada nos outdoors de Goiânia e Brasília nos próximos dias. Mãe e filha foram convidadas pela Nanda Manu para serem as estrelas da nova edição da campanha “Nanda Manu, Brasileira da Cabeça aos Pés”, que está convidando mulheres de verdade para fotografar os catálogos da grife de calçados goiana. A edição especial de maio será a homenagem da marca ao Dia das Mães. As sessão de fotos foi realizada no bosque do Condomínio Horizontal Jardins Athenas.
EMOÇÃO
Alessandra fala que estrelar a campanha ao lado da filha a deixa muito feliz e realizada. “Quero aproveitar esta oportunidade para mostrar que a síndrome não escolhe cor e nem classe social, e que a aceitação das diferenças não precisa passar pelo preconceito”, fala Alessandra, cuja luta representa a de milhares de outras mães que têm filhos com mesmo diagnóstico. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casos no País supera os 300 mil.
Ao tomar conhecimento sobre a história de Alessandra, o proprietário da grife, Florêncio Júnior, logo vislumbrou que este deveria ser mais um exemplo a ser divulgado através da campanha “Nanda Manu, Brasileira da Cabeça aos Pés”, que neste mês de maio irá homenagear as mães. Ele explica que a intenção da campanha é mostrar que a beleza da mulher vai além dos padrões estéticos e continua existindo mesmo em um contexto de adversidades. “A vida é imperfeita e a beleza consiste em saber lidar com os desafios. Queremos traduzir isto no mundo da moda”, diz.
Ele acrescenta que esta edição especial ao Dia das Mães, a expectativa é que a campanha estimule a aceitação das diferenças, a começar na relação entre mãe e filho. “Quando a gente apresenta histórias reais, que passam longe da perfeição, a gente está estimulando que as pessoas que vivem a mesma realidade se aceitem e se gostem mais. Em outras palavras, queremos reforçar a autoestima das mulheres”, completou.
HISTÓRIAS REAIS
Quando soube da má-formação genética da filha, Alessandra lembra que a reação inicial foi semelhante a um luto. “No começo foi difícil, quando uma mulher engravida cria inúmeras expectativas. A minha idade na época estava fora do grupo de risco e descobrir que a Júlia exigiria uma série de cuidados me deixou assustada”.
Contudo, a angústia passou na medida em que ela descobriu como é especial ser mãe de uma criança com Síndrome de Down. A insegurança relacionada aos cuidados necessários com a filha e as situações de preconceito, que ainda existem, ficaram para trás. “Nunca imaginei amar alguém dessa forma. Costumo dizer que o cromossomo a mais da doença significa o cromossomo a mais do amor”, diz Alessandra que, após o nascimento, chegou a se mudar para São Paulo para que a filha fosse operada por problemas cardíacos.
A vontade de saber mais do assunto e conhecer outras crianças com a síndrome, fez com que Alessandra e mais quatro mães criassem a Associação Mais 21, voltada para a troca de informações e experiências de crianças que têm o diagnóstico.
Alessandra é a segunda modelo real que participa da campanha “Nanda Manu, Brasileira da Cabeça aos Pés”. A iniciativa foi lançada em março deste ano com o catálogo de lançamento da coleção outono-inverno. Para estrelar o material publicitário, foi convidada a paratleta Marinalva Almeida. Mãe de três filhos, Marinalva perdeu a perna esquerda, aos 15 anos de idade, em um acidente com moto, e hoje tornou-se esportista e modelo. Até o final do ano, a marca pretende quebrar outros tabus, convidando mulheres que quebram o padrão da moda para apresentar sua beleza real.
Fonte: http://www.dm.com.br/texto/174473-sandrome-de-down-na-pauta-da-moda