Educação dos Surdos sob as três principais propostas educacionais.

Noticia_20140409_ImagemRESUMO

O presente artigo aborda objetivamente o contexto da educação dos surdos sob as três principais propostas educacionais. De maneira sucinta e objetiva apresenta o contexto histórico dos povos surdos bem como sua trajetória na busca de seus ideais e de seus direitos, além de conceituar cada uma das propostas educacionais que fundamentam sua educação e enfatizar as influências de cada uma destas. Este trabalho busca também de forma prioritária e enfática mostrar a importância da atual proposta educacional para surdos que é o Bilinguismo e também apresentar parte da Legislação Brasileira que preconiza os direitos da pessoa surda especialmente o direito e acesso à educação.

Palavras-chaves: Surdos Bilinguismo Educação.

ABSTRACT

This article objectively addresses the context of deaf education in the three main educational proposals. Succinctly and objectively presents the historical context of deaf people as well as his career in pursuit of their ideals and their rights in addition to conceptualize each of the educational proposals that support their education and emphasize the influences of each of these. This work also seeks priority and emphatically show the importance of current educational proposal for deaf bilingualism and that is also part of the present Brazilian legislation which establishes the rights and especially the right of access to education deaf person.
Keywords: Deafs Bilingualism: Education.

Introdução

A educação de surdos tem sido palco de grandes discussões. Desde eras remotas até a contemporaneidade vêm sendo discutidas metodologias adequadas para o ensino qualificado destes. Durante muitos anos os surdos viveram à mercê da sociedade, não possuíam os mesmos direitos que os ditos normais, eram desprovidos de qualquer benefício e não eram educados ou instruídos, ou seja, nasciam ‘vazios’ e cresciam da mesma forma. Muitos surdos foram brutalmente assassinados, outros abandonados por suas famílias e extirpados do convívio social sem direito a absolutamente nada do que a sociedade oferecia.

Os surdos que sobreviveram decidiram lutar não por uma igualdade, mas pelo respeito às suas diferenças e por seus próprios direitos. A partir desta iniciativa eclodiu em diversas partes do mundo o interesse pela causa do surdo inclusive por sua educação, foi então que surgiram professores e pesquisadores tanto surdos quanto ouvintes com a mesma ideologia, isto é, a defesa dos direitos dos surdos bem como a garantia de sua educação e instrução.

A partir então surgem as propostas ou filosofias educacionais que viabilizam a tão complexa educação de surdos. As abordagens educacionais para surdos são: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo. Estas propostas surgiram consecutivamente, ou seja, uma após a outra até encontrarem a mais apropriada, que atualmente é o Bilinguismo.

Ao longo deste trabalho serão apresentados teorias e conceitos abordando desde o contexto histórico dos povos surdos até as propostas educacionais que viabilizam sua educação e instrução, pois para compreendermos o processo de desenvolvimento da Cultura e Identidade Surda precisamos conhecer o contexto histórico. Procurando levar o entendimento e esclarecimento quanto a conceituação e contribuição de cada abordagem no decorrer da história da educação de surdos, desde o Oralismo que foi a primeira proposta até o Bilinguismo que é a atual.

Apresentar-se-á também neste trabalho um enfoque das leis que garantem ao surdo o livre acesso ao uso da Língua de Sinais bem como a sua educação, pois esta ainda encontra-se recôndita e muitos há que não conhecem os direitos da pessoa surda assegurados por Lei. Sabe-se que o processo de ensino e aprendizagem é constante e que ainda há muito que fazer, mas em se tratando de educação de surdos, conhecer as Leis que contemplam seus direitos e também um pouco de sua cultura já é um grande passo dado pelo educador ou por qualquer outro profissional que lida com questões de acessibilidade.

A trajetória dos povos surdos

Na antiguidade, pessoas que nascessem com qualquer tipo de deficiência eram excluídas da sociedade e sofriam com a rejeição da própria família. Os surdos também enfrentavam a mesma situação, isto é, sofriam com o desdém e a dor do abandono e da rejeição. Viviam à mercê da sociedade e ao mesmo tempo alheios à sua família.

Em algumas civilizações antigas os surdos eram tachados de ‘seres incompetentes’, inúteis aos olhos dos ditos normais. Não possuíam capacidade para se desenvolverem ou de conquistarem seu espaço no meio social, sua presença era insignificante.

No Egito, por volta de 4.000 a.C, segundo as antigas leis judaicas, os surdos eram protegidos e considerados criaturas privilegiadas, enviadas pelos deuses. Acreditavam que os surdos se comunicavam em segredo com os deuses, em virtude disso eram adorados e venerados, porém tinham uma vida inativa e não eram educados.

Na China, os surdos eram lançados ao mar, em sacrifício ao deus Teutates. Na Grécia eram considerados incapazes de raciocinar e se desenvolver, por esta razão eram vistos como um incômodo para a sociedade, sua presença era desnecessária, insignificante o que os levavam à condenação e morte. Lançavam-nos do alto dos rochedos nas águas de Barathere, os sobreviventes viviam miseravelmente como escravos ou eram abandonados.

Na esfera religiosa atribuíam aos surdos a classificação de ‘seres castigados pelos deuses’, há quem dizia que a deficiência era consequência de algum pecado cometido pelos pais ou pelos antepassados.

A intolerância chegava a um ponto extremista, surdos eram mortos inocentemente, alguns queimados, outros apedrejados e ainda outros que enfrentavam o desprezo, a rejeição. Em outras palavras eram mortos pelo simples fato de existirem. Os que permaneciam vivos ficavam sob o poder da sociedade e escravizados, viviam sem expectativas e sem a esperança de serem reconhecidos como seres humanos, trilhavam os caminhos deste mundo sem direção, descrentes de que um dia pudessem ser aceitos.

O que os surdos queriam era o respeito, a compreensão dos outros, queriam que a sociedade os vissem como seres humanos iguais a todos na espécie, porém diferentes individualmente assim como todos são. Esforçavam-se, lutavam para a conquista de seu espaço, buscavam viver dignamente, em paz, longe do temor da morte.

Com o passar do tempo, o mundo começou a se transformar, surdos continuaram a nascer, e com isso seus esforços aumentavam e a luta continuava. Foram muitos anos de intensa luta até que anos mais tarde, a sociedade começou a se preocupar com a educação dos surdos, buscavam métodos diversificados, mas não conseguiam encontrar o mais adequado. Para atender a essa demanda, profissionais de diversos âmbitos se reuniam para discutir a questão, tanto profissionais surdos quanto ouvintes empenhavam-se na causa. Até então os surdos utilizavam gestos para sua comunicação.

As abordagens de ensino para surdos

Em setembro de 1880 em Milão, Itália, ocorreu uma conferência internacional onde se reuniram profissionais e educadores tanto surdo quanto ouvintes para discutirem qual método seria fundamental e eficiente para a educação dos surdos. A conferência estendeu-se do dia 6 ao dia 11 de setembro do ano de 1880.

No transcorrer do congresso, opiniões foram apresentadas e promulgadas várias deliberações. Ao finalizar a conferência, fizeram uma votação da qual os profissionais surdos não puderam participar, e determinaram que o Oralismo seria o método mais eficaz para a educação dos surdos, criaram uma resolução, a qual proibia o uso da língua de sinais nas escolas. A partir desta decisão, as escolas passaram a utilizar o método oralista como o mais eficiente na educação dos surdos.

Nas escolas, as crianças surdas não podiam utilizar os gestos para se comunicarem, não podiam ser vistas usando a comunicação gestual e quando saíam da escola, ao término das aulas sentiam alívio, pois fora do ambiente escolar utilizavam os sinais, pois consideravam um meio comunicativo acessível.

Oralismo

De acordo com Goldfield (1997) o oralismo ou filosofia oralista compreende a importância do envolvimento dos surdos com a comunidade dos ouvintes, o que pressupõe que há condições de o surdo desenvolver a língua oral. Os defensores desta filosofia afirmam que a linguagem restringe-se à língua oral, o que atribui a ela a única forma de comunicação dos surdos e acreditam ainda que para as crianças surdas se comunicarem é necessário que aprendam a oralizar.

No método oralista, os adeptos concebem a surdez como uma deficiência que deve minimizar-se por meio da estimulação auditiva que contribui para o aprendizado da língua portuguesa além de proporcionar a interação com a comunidade ouvinte, possibilitando o desenvolvimento de sua personalidade como a de alguém que ouve. Em outras palavras, a finalidade do Oralismo é reabilitar a criança surda em direção à ‘normalidade’.

No método oralista era necessário esforço total por parte da criança, da família e da escola. Alguns requisitos foram propostos para a obtenção de êxito neste processo: envolvimento e dedicação de todas as pessoas que convivem com as crianças no processo de reabilitação, isso deveria ser feito todas as horas do dia e todos os dias do ano, o início da reabilitação deveria ser precoce, isto é, desde o nascimento ater-se apenas ao método oral e abster-se por completo de modalidades comunicativas gestuais.

A presença e o envolvimento da família eram indispensáveis, principalmente a mãe que deveria exercer participação ativa nesse processo: profissionais como fonoaudiólogos e pedagogos também eram importantes, pois os mesmos atenderiam sistematicamente ao aluno e à família. Na educação oralista era fundamental o uso de equipamentos especializados, como aparelhos de amplificação sonora individual. Poker (2007) afirma que o Oralismo consiste no recebimento da linguagem oral através da leitura orofacial e amplificação sonora, enquanto se expressa através da fala. Gestos, Língua de Sinais alfabeto digital são expressamente proibidos.

O Oralismo foi o método adotado como o mais eficiente para a educação e instrução das crianças surdas. Mas posteriormente novas pesquisas surgiram, educadores e demais profissionais empenhados na causa detiveram sua atenção para novos estudos sobre métodos que contemplem a demanda de crianças surdas e no que se refere à sua educação.
Pesquisas e estudos concluíram que há métodos mais eficientes para a educação dos surdos e que o Oralismo poderia desencadear algumas interferências no desenvolvimento da linguagem e da cognição, afetando também a interação.

Comunicação Total

A Comunicação Total é o método que sucedeu o Oralismo sendo de relevante importância na educação dos surdos assim como consideravam a educação oral. De acordo com Albres (2009) a proposta educacional inicial é transformada e consolidada a partir do momento em que a Comunicação Total se expande.

Entende-se por Comunicação Total uma proposta flexível onde se usam meios de comunicação oral e gestual. Ciccone apud (Albres 2009) diz que essa filosofia possui uma maneira própria de compreender o surdo, ou seja, não apenas considerando o fato de ser portador de uma patologia médica, mas sim como uma pessoa e a surdez como uma marca cujos efeitos adquirem, inclusive, fenômenos com significações sociais.

Na Comunicação Total o processo de comunicativo é simultâneo, isto se dá porque usa-se a fala e a sinalização ao mesmo tempo, além do uso de aparelhos de amplificação sonora. Albres (2009) diz que por não explicitar claramente procedimentos de ensino, a Comunicação total é incorporada, em diferentes lugares, em versões muito variadas, caracterizando-se, basicamente pela aceitação de vários recursos comunicativos, com a finalidade de ensinar a língua majoritária e promover a comunicação.

Assim como havia os oponentes à proposta oralista, havia os que se opunham à Comunicação Total também, a ideia generalizada de oposição entre ambos os métodos, isso devido a incorporação dos sinais na segunda proposta em que os adeptos do Oralismo não aceitavam, pois acreditavam que a Comunicação Total contrapunha-se à utilização da língua oral. Marchesi apud (Albres 2009) afirma que a Comunicação Total não se opõe ao uso da língua oral, mas a apresenta como um meio de comunicação complementar.

Os adeptos da Comunicação Total acreditam que a língua oral exerce influência positiva na vida dos surdos e que esta é um código imprescindível para que haja incorporação da vida social e cultural, receber informações, ampliar vínculos de relações sociais e expandir o conhecimento de mundo, mesmo que seja uma língua de difícil aquisição pelos surdos.

A Comunicação Total distingue-se das demais abordagens educacionais, em diversas esferas, e a diferença que mais se destaca é que na Comunicação Total é permitido o uso de qualquer recurso linguístico, seja a língua de sinais propriamente, códigos manuais, a linguagem oral, todos com o mesmo objetivo, proporcionar a comunicação.

Em razão disso os que defendem a filosofia da Comunicação Total orientam que é necessário empregar os diversos códigos manuais, tais como: a Língua de Sinais, a datilologia, português sinalizado, entre outros. A utilização destes métodos implica em sua obediência aos parâmetros gramaticais da língua oral, deixando, porém, de respeitar a estrutura gramatical da Língua de Sinais.

De acordo com Poker (2007) a Comunicação Total acredita que o bimodalismo, isto é, o uso da fala e do gesto concomitantemente pode atenuar o bloqueio da comunicação que existe entre as crianças surdas e ouvintes, procura evitar que as crianças sofram com as consequências do isolamento. Tal abordagem orienta que a criança surda seja exposta aos seguintes métodos: alfabeto manual (recurso datilológico), língua de sinais, amplificação sonora e ao português sinalizado.

Foi nos anos 1970 que a abordagem da Comunicação Total chegou ao Brasil e, após sua chegada muitas escolas passaram a adotar este método. É importante ressaltar que os Estados Unidos é o país que se destaca no uso desta metodologia. Esta abordagem foi criticada por muitos, pois não obteve os resultados pretendidos no que concerne ao processo de escolarização das crianças surdas.


Bilinguismo

O Bilinguismo é uma filosofia que tem ganhado força nas últimas décadas, principalmente no âmbito nacional. Vários países do mundo adotaram esta filosofia ou método educacional, na Suécia, por exemplo, já existem trabalhos que abordam essa perspectiva, no Uruguai e Venezuela houve a inserção deste método em instituições públicas.

Trata-se de uma abordagem educacional que possui como ponto principal o ensino e o aprendizado de duas línguas no contexto escolar, isto é, parte da ideia de que o surdo como portador de direitos deve ter garantido o acesso ao aprendizado de sua língua materna (comunidade linguística minoritária) bem como de uma segunda língua, no caso do Brasil, o Português (comunidade linguística majoritária).

É importante ressaltar que a proposta de educação bilíngue aborda que no espaço escolar, tanto surdos quanto ouvintes, compartilham o aprendizado das duas línguas. A intenção é que surdos aprendam Libras e Português e ouvintes aprendam Português e Libras com o intuito de proporcionar uma comunicação acessível para ambos os casos e uma interação saudável sem que haja prejuízos linguísticos e interacionais.

A educação de surdos sob a ótica bilíngue

A palavra bilíngue refere-se ao domínio de duas línguas, a materna e uma segunda língua como sendo estrangeira. Mas ser bilíngue envolve não só o conhecimento concernente a estruturas gramaticais e domínio da fala como também conhecimentos culturais acerca da comunidade linguística comum que a utiliza.

A proposta bilíngue consiste no aprendizado de duas línguas no espaço escolar, ou seja, o surdo aprende sua língua materna ou L1 que no caso do Brasil é a LIBRAS e o Português como segunda língua ou L2, obedecendo evidentemente a cada uma das estruturas gramaticais, respeitando as diferenças linguísticas de cada língua. O surdo não só aprenderá as línguas em si e suas respectivas gramáticas, mas adquirirá conhecimento cultural, pois seu contato com a cultura majoritária será constante.

Quadros (2005) afirma que este contexto bilíngue é completamente insólito de outros contextos bilíngues estudados, pois envolve modalidades de línguas diferentes com estruturas e naturezas linguísticas diferentes. Descobrir os laços de tais cruzamentos e das fronteiras que são estabelecidas é desafiador tanto para os surdos como para os ouvintes envolvidos.

De acordo com Poker (2007) o Bilinguismo parte do princípio que o surdo deve adquirir a língua de sinais como primeira língua, esta aquisição dar-se-á dentro da própria comunidade surda. Com isto facilitará o desenvolvimento de conceitos e sua relação com o mundo. O uso autônomo e não simultâneo da Língua de Sinais deve ser oferecida à criança surda o mais precocemente possível. A língua portuguesa é ensinada como segunda língua, na modalidade escrita e, quando possível, na modalidade oral.

De fato os surdos devem adquirir a língua de sinais como a primeira língua, mas a filosofia bilíngue abrange a importância de os surdos brasileiros aprenderem a Língua Portuguesa como segunda língua. No Bilinguismo defende-se que o uso da língua de sinais deve ser autônomo, porém não concomitantemente, e o ensino desta língua realizar-se-á o mais precocemente possível O português é ensinado como segunda língua na modalidade escrita e quando possível na modalidade oral. Assim como os ouvintes aprendem uma segunda língua estrangeira, os surdos também podem aprender o português como segunda língua.


De acordo com Brito apud (Poker 2007) na filosofia ou método bilíngue, a língua de sinais é considerada uma importante via de acesso ao desenvolvimento do surdo, abrangendo todas as esferas do conhecimento, não apenas propiciando a comunicação como também desempenhando a importante função de suporte do pensamento, além de estimular o desenvolvimento cognitivo e social.

Para os defensores da filosofia bilíngue, os surdos possuem uma comunidade com cultura e língua próprias, o que os leva a ter uma forma peculiar e diferente de pensar e agir e isto deve ser observado e respeitado por todos, pois se trata da garantia dos direitos propostos e vigentes em Lei.

O Bilinguismo abrange duas vertentes as quais devem ser analisadas: a primeira consiste na ideia de que a criança surda adquira a língua de sinais e a modalidade oral da língua o mais precocemente possível, separadamente. Posteriormente a criança surda será alfabetizada na língua oficial de seu país de origem. A segunda vertente consiste em que num primeiro momento ensina-se apenas língua de sinais e num segundo momento, só a modalidade escrita da língua. Neste caso a língua oral é descartada.

Quadros apud (Poker 2007) diz que o bilinguismo consiste em uma proposta de ensino usada por escolas que desejam tornar acessível aos alunos o aprendizado de duas línguas. Estudos realizados apontaram esta como o método mais adequado à educação de surdos a qual considera a língua de sinais como língua natural e a partir desse pressuposto ensina-se a língua escrita.
O que o Bilinguismo preconiza é o respeito à autonomia das línguas de sinais, partindo disso organiza-se um plano educacional que respeite e contemple a experiência psicossocial e linguística das crianças surdas. Acontece que, se o professor ouvinte conhece a Língua de Sinais possui condições de se comunicar de maneira satisfatória com o aluno surdo.

A inserção da Língua de Sinais no currículo escolar é um indicativo de respeito às diferenças existentes na Comunidade Surda abrangendo a cultura e a identidade. Agindo assim, a escola torna-se inclusiva. A partir do momento em que professores buscarem o conhecimento da Língua de Sinais, este propiciará ao aluno o contato com sua língua materna e a comunicação acontecerá de forma natural e a escola receberá o status de escola bilíngue e inclusiva.

Necessário é para o desenvolvimento do aluno surdo o contato com professores participativos e motivados a aprenderem a Língua de Sinais e consequentemente tornarem-se fluentes na mesma. A partir do momento em que professores se empenharem na causa e trabalharem em equipe, buscando atender esta demanda, respeitando suas diferenças e limitações, contribuirão assim para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social, entre outros aspectos, além de contribuir para a efetiva inclusão e participação ativa do aluno surdo no meio social o que resulta na adoção de uma escola bilíngue.

Os direitos dos surdos em conformidade com a Lei

As lutas constantes das comunidades surdas por sua liberdade de expressão obtiveram grande êxito com o passar dos anos. O fato de terem incluído o surdo no ensino já é uma grande conquista e a criação de metodologias educacionais também nos remete a filosofia de que todo o esforço que fizeram no passado e ainda o faz hoje é de extrema compensação e importância para o fortalecimento de sua cultura e identidade.

Na Legislação Brasileira encontra-se garantido os direitos da pessoa surda. Após muitos anos de luta os surdos brasileiros conseguiram a legalização de sua língua, ou seja, a LIBRAS bem como o direito à educação e formação, a Legislação por meio da Lei nº. 10.436/02 e do Decreto 5.626/05 que fomenta o direito à educação bilíngue.

O que é garantido e assegurado por Lei em contemplação aos direitos da pessoa surda é para mostrar ao mundo e às sociedades que estes são dotados de grandes habilidades e possuem capacidade como qualquer outra pessoa de se interagir com o mundo mesmo que por naturezas visuais espaciais.

Estas Leis e Decretos são de fundamental importância para a história das comunidades surdas especificamente as do Brasil, pois além de contribuir para a inclusão enriquece e fortalece a Identidade Surda e estabelece uma relação harmoniosa entre as duas comunidades distintas, a minoritária que é a dos surdos e a majoritária que é a dos ouvintes. Não fazendo inferência no que diz respeito a uma total aceitação da sociedade da pessoa surda em um contexto geral, mas enfatizando que se é estabelecido por Lei esta deve ser cumprida de modo a não forçar, mas mostrar que o surdo é capaz e também possui seus direitos.

Os surdos hoje possuem liberdade, pode-se dizer que hoje eles vivem, mas isso não nos dá um paralelo de que a luta terminou, pelo contrário ainda há muito trabalho a ser feito, pois a sociedade contemporânea não está preparada para atender a demanda de surdos existentes no planeta nem mesmo as escolas. O fato de criarem Leis e Decretos contemplando os direitos da pessoa surda nos dá uma noção de como se deve proceder diante das diversas situações do cotidiano no contato com os surdos. O que se faz atualmente é considerado pouco diante da imensa e árdua missão de instruir e educar os surdos de maneira a habilitá-los para o exercício da cidadania.

Considerações finais

As propostas de ensino para surdos surgiram depois de um período de holocausto. Sobre tudo o que os surdos viveram no passado em comparação com a atualidade nos faz compreender que esta comunidade luta constantemente por seus ideias, e declaram ao mundo que são seres humanos capazes de se desenvolverem como qualquer outro e que a surdez deve ser vista como uma diferença assim como há diferenças entre uma pessoa e outra e esta deve ser estritamente respeitada.

Ao passo que a sociedade tomar ciência e se sensibilizar quanto as questões voltadas ao convívio com os surdos e conhecerem sua rica cultura certamente mudará suas ideologias e o surdo será efetivamente incluído nos diversos contextos sociais. Isto implica num impacto considerável na política brasileira, pois criarão novas políticas linguísticas voltadas à educação bilíngue para surdos e investirão também na formação de professores e profissionais dos diversos âmbitos de atuação.

A legalização da Língua de Sinais no Brasil, sendo esta a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) nos dá um panorama de quão rica é a cultura surda bem como nos leva a refletir sobre como deve a sociedade se portar mediante o lidar com a pessoa surda, isto é, que o aprendizado desta língua deve ser parte de nossas prioridades e que o contato com a comunidade surda tende a ampliar e enriquecer nosso conhecimento.

Quanto à educação de surdos sob a proposta bilíngue, é correto afirmar que esta é a mais adequada e também apropriada das abordagens de ensino, pois trará benefícios tanto para os surdos quanto para os ouvintes de forma direta ou indireta. As escolas que adotarem o método de ensino bilíngue reconhecerão os valores da pessoa surda, valores estes associados tanto à vida em suas peculiaridades quanto à rica cultura da qual fazem parte. A educação bilíngue propiciará ao surdo o seu desenvolvimento de forma plena e irrestrita e contribuirá de forma significativa para a efetiva inclusão destes nos mais diversos contextos sociais.

Referências

1. ALBRES, Neiva de Aquino. Surdez e Inclusão Educacional. Petrópolis: Arara Azul, 2010
2. DECRETO Nº. 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. Disponível em http://planalto.gov.br/ccivil 03/Leis/2002/L10436.htm. Acesso em 06 dez 2012
3. GOLDFELD, M. A criança surda. São Paulo: Pexus, 1997
4. LEI Nº. 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Disponível em http://planalto.gov.br/ccivil 03/Leis/2002/L10436.htm. Acesso em 06 dez 2012
5. QUADROS, R. M. de. O bi do bilingüismo na educação de surdos In: Surdez e bilingüismo.1 ed.Porto Alegre : Editora Mediação, 2005, v.1, p. 26-36
6. ___________. A educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997
7. POKER, R. B. Abordagens de ensino na educação da pessoa com surdez. Módulo II Teórico. São Paulo, UNESP, 2007 Disponível em PDF, acesso em 06 dez 2012
8. VELOSO, Éden MAIA, Valdeci. Aprenda LIBRAS com eficiência e rapidez. Curitiba: MãoSinais, 2009.

Fonte: Professor FLÁVIO JÚNIOR FERREIRA ALEXANDRE

Fonte:http://www.costaricaviola.com.br/artigos/educacao/artigo-a-educacao-de-surdos-sob-a-otica-da-proposta-educacional-bilingue/4374

 

2 thoughts on “Artigo – A Educação de Surdos sob a ótica da proposta educacional bilíngue.”
  1. Oi Gilsomar sou surdo que trabalho em instrutor de libras mora Goiania, tudo bem vc prazer conhece nao sei seu nome ok, precisa pergunta cade aprova lei nº???? como que bilingue educação para ensino aluno surdo?

    1. Ola Gilsomar
      Seja bem vindo!
      A SOCEPEL é uma empresa que trabalha no segmento da pessoa com deficiência, em especial com a educação para surdos.
      As noticias e outros textos, como este artigo, nós disponibilizamos em nosso site com o objetivo de disseminar a informação, mas não temos nenhuma participação em sua autoria.
      É importante, até para que possamos informar alguma coisa, saber de qual Lei você está falando. Existem Leis federais, estaduais e municipais que tratam do assunto. A Lei 10.436 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm) e o Decreto 5.626 (www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm) disciplinam o assunto. Seria essa Lei a que você se refere? Se for, a questão é fazer com que ela seja aplicada de fato e para isso é importante você em sua região cobrar do Poder Público seus direitos.
      Grande abraço.

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    1. Ola Gilsomar
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