lápices de colores sencillosA audição é um sentido de vital importância para as pessoas e sua ausência pode provocar dificuldades na aquisição e desenvolvimento da língua oral. No entanto, Vygotsky (1987), em seus estudos, acredita que o pensamento e a linguagem podem ser tratados como dois objetos independentes e que depois vão mantendo uma interconexão, onde a linguagem se converte em pensamento e o pensamento em linguagem. Na verdade, para ele, o que importa é o uso de signos de quaisquer tipos, desde que possam exercer papel correspondente ao da fala. Chega a afirmar que a linguagem não depende da natureza do meio material que a utiliza, e que não depende necessariamente do som, desta maneira não é encontrada apenas nas cordas vocais (SÁ, 2004).

Dessa forma, o desenvolvimento intelectual não depende do desenvolvimento linguístico. A criança surda alcança o mesmo nível de desenvolvimento que a criança ouvinte, e as dificuldades encontradas durante a aprendizagem podem ser devido a deficiência no conjunto de experiências vividas pelo surdo (LIMA, 2004).

Dentro desse contexto, é necessário considerar a importância da Língua de Sinais para a educação e para o desenvolvimento da pessoa surda por ser sua primeira língua. É através de sinais que o surdo pode se comunicar, compreendendo com mais facilidade o mundo e participando da comunidade em que vive. Para crianças surdas, é muito importante a aquisição dos sinais logo nos primeiros anos de vida, pois a aquisição e interiorização de m código linguístico é uma fator fundamental para a interação social e para a aquisição dos conceitos.

A criança quando nasce surda, possuem família que são ouvintes, dessa forma, esta cresce sem uma língua estabelecida, já que a língua utilizada por sua família é na modalidade falada, portanto, não é acessível às crianças surdas e a língua de sinais, acessível a elas, não é conhecida ou mesmo rejeitada pela família ouvinte. Assim sendo, a maioria das pessoas surdas são bilíngues, pois usam a língua de sinais e a língua majoritária. As pessoas surdas têm acesso ao mundo pela visão, nesse sentido a língua de sinais que é visual/espacial, exerce, para elas, a mesma função que a língua portuguesa na modalidade oral tem para os ouvintes. Por conseguinte, por estarem inseridas numa sociedade de maioria ouvinte, as pessoas surdas sofrem influência da língua majoritária, ainda que possam ter dificuldades acentuadas na compreensão e uso da mesma.

Parte do pressuposto de que a educação do surdo precisa ser voltada a partir de sua oralização – abordagem oralista; e aquelas que destacavam a linguagem de sinais empregada pelos surdos e idealizavam que essa mesma linguagem devia ser reconhecida e usada no âmbito escolar – abordagem gestualista.

Por conseguinte, a metodologia da abordagem bilíngue no sistema escolar possibilita que o aluno surdo possa desenvolver inteiramente as suas capacidades cognitivas, proporcionando dessa forma, a comunicação entre os alunos surdos e ouvintes e agir como um membro do mundo surdo e do mundo ouvinte, conseguindo, conhecimentos sobre a realidade externa.

Um levantamento breve dos anos 80 sobre o uso da língua brasileira de sinais e outras formas de comunicação, vem de longa data o debate educacional brasileiro com grande defesa ao oralismo é o bilinguismo, prevalecendo em oposição ao ensino de uma língua de sinais.

Lima (2004) chama a atenção para como vem sendo implantada a política de inclusão escolar que vem acontecendo de cima para baixo. Geralmente, o professor não tem preparo, suas ações são solitárias, não tem acompanhamento, orientação e controle do processo ensino-aprendizagem e dos resultados de seu trabalho, principalmente em relação ao aluno surdo.

Nesse sentido, há que se levar em consideração que a escola passa por um grande desafio em se tratando de ofertar uma educação bilíngue que é a falta de investimento na formação continuada de professores que continuam resistindo a adoção de novos métodos, abordagens, paradigmas, ferramentas e recursos didáticos, que poderiam tornar o processo de ensino-aprendizagem satisfatório a todos os alunos, tanto surdos ou ouvintes. Por conseguinte, deixa de atuar em sala de aula, como mediador e até mesmo facilitador para o desenvolvimento de aprendizagem que propicie formas diferenciadas de trabalho na diversidade atingindo o público surdo utilizando os dois modelos de bilinguismo.

REFERÊNCIAS

ALVES, Carla Barbosa; FERREIRA, Josimário de Paula, DAMÁZIO, Mirlene Macedo.Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. v.4.(Coleção A educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar).

 FERREIRA, Josimário de Paula; DAMÁZIO, Mirlene Macedo. Educação escolar de pessoas com surdez – atendimento educacional especializado em construção. Revista da Educação Especial. v. 5. nº1. P. 46-57, jan/ jul. 2010.

 LIMA, Maria do Socorro Correia. Surdez, bilinguismo e inclusão: entre o dito, o pretendido e o feito. Campinas/SP: IEL/UNICAMP, 2004.

 SKLIAR, Carlos (Org.). A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2005.

 Fonte: https://marciliarinaldespsicopedagoga.wordpress.com/2015/01/16/importancia-da-lingua-de-sinais-para-os-surdos-e-para-sua-formacao-social-escolar-e-individual/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *