Noticia_20141225_ImagemComparando com crianças da mesma idade que ela, eu achava que a Bruna era preguiçosa, então eu batia e judiava dela. Eu não achava que era dificuldade, achava que era lerdeza e forçava ela sem saber.

 A lembrança emocionada de Sílvia Ventura Dias, 44 anos, mostra um dos aspectos com os quais tem que lidar uma mãe cujo filho tem síndrome de Down. Sílvia, que é microempresária do setor automotivo, só soube que sua filha tinha síndrome de Down quando ela já estava com 4 anos. Bruna nasceu com um tipo raro da síndrome, chamado Mosaico, em que a criança não tem as feições e características comuns de Down. Desde então, e lá se vão 20 anos, Sílvia trilha um caminho com doses extras de aprendizado, amor e paciência.

 “Quando peguei o diagnóstico, me arrependi amargamente de minhas atitudes. Descobri que ela tentava fazer as coisas – colocar os sapatos, trocar de roupa… – porque eu brigava com ela, não porque ela sabia. É muito difícil isso! Quando eu soube que ela tinha a síndrome, ela já estava com 4 anos”, disse Sílvia. “Quando chegaram para mim e disseram ‘sua filha é Down’, meu mundo caiu, mas fui em frente.” Sílvia procurou ajuda, mas diversos locais negaram atendimento. Alguns achavam que o caso não era “grave o bastante”, outros temiam não estar preparados para recebê-la. “Escolas falavam que ela poderia chocar as outras crianças, outras diziam  que ela nunca ia saber ler ou escrever”. Na época, Silvia morava em São Paulo e só depois de muita luta conseguiu uma escola que alfabetizou sua filha. Quando Bruna tinha 8 anos, a família se mudou para Franca. “Aqui coloquei ela em escolas públicas (Homero Alvez e Pedro Nunes). Ela não tinha cuidadores, mas recebia apoio de terapeutas e psicólogos fora da escola”, conta a mãe.

 A juventude

Em que pese sua condição especial e o início difícil, Bruna se tornou uma jovem ativa e responsável. “Ela, por iniciativa própria, fez diversos cursos, frequentou faculdade de pedagogia, namorou e trabalha”, diz a mãe. O trabalho ajudou na independência e nas relações pessoais de Bruna. No ano passado, ela começou a trabalhar no Magazine Luiza, no setor de tecnologia da informação. “Lá os portadores de deficiência são acompanhados por uma equipe de terapeutas, assistente social, psicopedagoga e pedagoga”, conta Sílvia. “Quando ela terminou a escola, ela falou que queria fazer faculdade, ela disse para mim: ‘mamãe eu quero fazer pedagogia para ajudar as pessoas iguais a mim’. Aquele dia eu chorei tanto! Depois ela quis começar trabalhar também”, relata a mãe, cheia de orgulho. “De vez em quando ainda nos deparamos com preconceito. Na faculdade, um professor disse que ela era preguiçosa e que se aproveitava da deficiência. É difícil lidar com isso, mas não desistimos. Ela não desiste. E eu a apoio, pois sempre penso no futuro dela, que eu tinha que prepará-la para a vida”, afirma a mãe.

Fonte :http://gcn.net.br/noticia/274094/franca/2014/12/maes-de-down-uma-caminhada-de-amor-paciencia-e-aprendizado

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